Enem com a “cara do Governo”: após fala de Bolsonaro, Câmara convocará ministro da Educação para dar explicações
A crise no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e as questões que envolvem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deverão ser explicadas pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, na Câmara dos Deputados.
A informação foi confirmada pela presidente da Comissão de Educação da Câmara, Dorinha Rezende (DEM-TO), em entrevista nesta terça-feira (16) à GloboNews. A parlamentar explicou que haverá, na quarta-feira (17), a votação de um pedido de convocação ou de convite a Ribeiro.
“Acho que o primeiro ponto é a vinda do ministro. Precisamos responsabilizá-lo pela sua relação direta com essas questões. Ele nunca se negou a vir, mas agora a situação é urgente e talvez precise de algum tipo de ação diretamente do Inep”, explicou a deputada.
Interferência ideológica
Durante viagem a Dubai, o presidente Jair Bolsonaro deixou a entender, na segunda-feira (15), que haverá interferência ideológica nas questões do Enem, exame que será aplicado nos próximos domingos, 21 e 28.
“Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. (…) Ninguém precisa ficar preocupado. Aquelas questões absurdas do passado, que caíam tema de redação que não tinha nada a ver com nada. Realmente, algo voltado para o aprendizado”, disse Bolsonaro.
A ex-presidente de Inep, Maria Inês Fini, idealizadora do Enem falou, em entrevista ao UOL News hoje (16), que deve haver investigação após a declaração do presidente. “Baseado em quê ele fez essa afirmação? Alguém vai ter que dizer o fundamento dessa afirmação. Tem que ter apuração jurídica”, disse.
Parlamentares, professores, estudantes e organizações se manifestaram através da imprensa e das redes sociais e apontaram censura no Exame.
Intimidações a servidores do Inep
Em matéria veiculada pelo programa Fantástico do último domingo (14), parte dos 37 servidores públicos que deixaram o Inep na última semana detalharam assédios morais que viveram no órgão. As tentativas de interferência no conteúdo das provas, situações de intimidação e acusações de despreparo do presidente do órgão, Danilo Dupas, foram apontadas na reportagem.
Texto: Juliana Carneiro com informações de G1 e UOL
Foto: Naiara Demarco