“Nossos sonhos não cabem nas urnas”: pesquisadora paraibana lança livro sobre net-ativismo e crise política

A busca por compreender a relação entre o ativismo e as redes sociais a partir de movimentos que ecoaram pelo mundo instigou a pesquisa da paraibana Marina Magalhães. Graduada e mestre pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a também professora fez de sua investigação no doutoramento na Universidade Nova de Lisboa, em Portugal, seu mais recente livro.

“Nossos sonhos não cabem nas urnas: a crise da política e o net-ativismo” é o título da publicação que aborda as diversas manifestações dos últimos anos em diferentes países que têm como ponto comum o uso das redes sociais. Essa dinâmica chamou a atenção de Marina ainda durante o mestrado, em 2010, quando pesquisou Comunicação e Cultura Digital.

Observando uma comunidade sobre Jornalismo Cultural no extinto e, à época, popular Orkut, a pesquisadora viu o crescimento do que chama de “movimentos net-ativistas que ganharam o mundo”. Ela cita os protestos do Norte da África e do Oriente Médio, conhecidos como Primavera Árabe, de 2010; o Movimento 15-M, na Espanha, em 2011; a Geração à Rasca, em Portugal, em 2011, o Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, em 2011; as jornadas de junho no Brasil, de 2013; entre outros.

“Percebi que, ainda que seus participantes demonstrassem ações em rede motivadas por razões distintas, surgidas em diferentes contextos culturais, sociais e econômicos, tais movimentos expressavam uma ligação fundamental entre si: a importância das redes sociais digitais como elemento participante de uma nova forma de fazer ativismo”, explica Marina Magalhães.

O livro “Nossos sonhos…” demonstra um importante viés da interferência da internet na vida social através da política, e vice-versa — a forma de fazer política está profundamente afetada pela internet. A colaboração nas redes e a nova perspectiva de democracia nos meios de comunicação acabam sendo refletidas nas expressões do povo nas ruas.

A interferência das redes nos próximos processos eleitorais

Na apresentação da obra, Marina Magalhães cita a “agonia da política em tempos de redes sociais”. Ela explica que a política não começou a agonizar por conta da internet ou das redes sociais digitais, como Facebook, YouTube ou Twitter. O processo passa pela exclusão de parte da sociedade, implantação de regimes totalitários, emprego da violência bélica com fins de dominação, entre outros.

“Porém, não podemos negar que a crise ganha novos contornos com as transformações tecnológicas da sociedade em rede. Hoje, entra em cena uma miríade de bancos de dados, algoritmos, bolhas sociais, além de plataformas interativas que possibilitam uma tomada coletiva da palavra, em tempo real, com um alcance sem precedentes”, exemplifica a pesquisadora.

Sobre o processo eleitoral brasileiro de 2022, que se aproxima, Marina Magalhães avalia que a polarização, já presente, deverá se acentuar “juntamente com os desafios que vão se colocar às instituições políticas e às plataformas digitais no período que antecede as campanhas, sobretudo na propagação das fake news que observamos com mais ênfase por aqui, desde 2018”.

Livro pode ser baixado gratuitamente

“Nossos sonhos não cabem nas urnas: a crise da política e o net-ativismo” foi publicado na última semana pela editora paraibana Marca de Fantasia, com prefácio do professor doutor em Sociologia Fabiano P. Silva. O livro está disponível para download através deste link. 

Texto: Juliana Carneiro

Imagem: arquivo pessoal da autora.

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