Projeto da UFPB abre vagas para atendimento a crianças com microcefalia
Um projeto de pesquisa vinculado ao Laboratório de Estudos em Envelhecimento e Neurociências (LABEN) da Universidade Federal da Paraíba está disponibilizando vagas para atendimento gratuito especializado destinado ao tratamento de crianças com microcefalia.
Intitulado Infecção congênita pelo zika vírus: Estudo de Coorte prospectivo, o projeto também chamado de NeuroZikav tem como público-alvo crianças, em qualquer idade, com microcefalia (podendo ou não ter o Zika como agente causador).
A ação oferece gratuitamente um acompanhamento contínuo das crianças com avaliações multiprofissionais e exames de tecnologia avançada, como exames de eletroencefalograma (EEG) e espectroscopia por infravermelho próximo (fNIRS). A proposta terapêutica inclui avaliações e eletroestimulação, visando melhorar as convulsões, bem como a qualidade de vida das crianças.
O projeto é um estudo pioneiro que oferece neuroestimulação não invasiva para crianças com microcefalia, a fim de investigar se a aplicação de Eletroestimulação Transcraniana por Corrente Contínua de alta definição (HD-tDCS) oferecida de forma individualizada, levando em consideração as diferenças anatômicas e fisiológicas de cada participante, pode ser uma promissora terapêutica adjuvante à terapia medicamentosa e reabilitadora.
O NeuroZikav é desenvolvido no Departamento de Psicologia e no Programa de Pós-graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento (PPGNeC), do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), onde fica o LABEN. Os pesquisadores responsáveis são a Profa. Suellen Andrade, a mestra Elidianne Medeiros, Maria Eduarda Queiroz, Larissa Costa, Pedro Brito e Sâmela Barbalho.
De acordo com a Profa. Suellen Andrade, o objetivo do projeto é a construção de um protocolo terapêutico para crianças com microcefalia (seja essa decorrente da infecção congênita pelo zika vírus ou não).
“Nosso projeto oferece de forma gratuita um acompanhamento longitudinal para crianças com microcefalia, por meio de avaliações multiprofissionais e exames de eletroencefalograma (EEG) e espectroscopia por infravermelho próximo (fNIRS). Esses exames, em conjunto com a aplicação de alguns instrumentos de avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor, consistem na primeira fase da pesquisa”, esclareceu.
Os dados obtidos nas avaliações serão usados para o desenvolvimento de um algoritmo para predição de resposta de severidade clínica dessas crianças e para o desenvolvimento de protocolos terapêuticos individualizados de neuroestimulação não invasiva, usando a Eletroestimulação Transcraniana por Corrente Contínua de alta definição (HD-tDCS), a fim de promover diminuição da duração e quantidade das crises epilépticas, redução da irritabilidade e melhoria da qualidade do sono dessas crianças.
Como se inscrever
Como é uma pesquisa longitudinal, ou seja, possui um período de tempo prolongado, ainda não há prazo definido para encerramento das inscrições. O prospecto é que elas ocorram até o final de junho, portanto, os interessados poderão se inscrever até o final do primeiro semestre de 2022. O cadastro pode ser realizado pelo perfil do Instagram do projeto (@neurozikav) ou por meio do número de telefone (83) 99963-3947.
Doutoranda em Neurociência e uma das pesquisadoras responsáveis pelo projeto, Elidiane Araújo ressalta a importância do trabalho desenvolvido e os benefícios que ele oferece para as crianças: “As crianças do nosso projeto realizam exames de tecnologia avançada que ainda não são ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a exemplo do EEG modelo EPOC FLEX 32-Channel Wireless, Emotiv e da Espectroscopia Funcional Infravermelho Próximo (fNIRS)”, comentou.
Elidiane Araújo afirma que, por meio do acompanhamento dessas crianças a longo prazo, é observado o seu desenvolvimento, mediante a realização de avaliações da atividade cerebral, dos aspectos comportamentais e da função motora. Esse conhecimento favorece a elaboração de futuras intervenções terapêuticas que possam promover qualidade de vida às crianças microcefálicas.
As crianças da Paraíba são acompanhadas pela equipe do NeuroZikav, composta por pesquisadores, professores e estudantes da UFPB. O projeto realiza o acompanhamento do mesmo grupo de crianças desde 2019, mas vê a importância de integrar novas crianças. A previsão é que o projeto se estenda até 2024. O intuito dos pesquisadores é que o algoritmo para predição de resposta possa, futuramente, ser utilizado por profissionais de saúde na prática clínica para a avaliação da severidade clínica das crianças microcefálicas.
O projeto foi contemplado com duas bolsas para os alunos da Iniciação Científica, por meio do Edital 01/2021/PROPESQ – Seleção de Projetos de Iniciação Científica 2021/2022. O ensaio clínico é fruto da pesquisa de doutorado de Elidiane em parceria com docentes da Universidade de São Paulo (USP); Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ); Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Universidade Federal do ABC (UFABC); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); e City College of New York.
Texto: Mellody Oliveira – Ascom UFPB
Imagem ilustrativa: Sumaia Villela – Agência Brasil