Ministro diz que Enem terá a cara do governo no sentido de “honestidade”
Nesta quarta-feira (17), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, compareceu à reunião da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, antes de receber a convocação da Casa. Na ocasião, negou a interferência do governo nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), após denúncias de servidores e de declaração do presidente Jair Bolsonaro.
Nos últimos dias, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Texeira (Inep) recebeu o pedido de demissão de mais de 30 funcionários. Parte dos que solicitaram a exoneração atuava diretamente no Exame e denunciou assédios morais vividos no órgão, além de tentativas de interferência no conteúdo das provas. Na segunda-feira (15), Jair Bolsonaro disse que “começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem”.
Ribeiro justificou a situação apontando que o exame será técnico: “A hora que eu coloco questões que são peculiares a determinados guetos ideológicos ou pensamentos numa prova do Enem que atinge 3 milhões, 4 milhões, 5 milhões, eu estou dando uma primazia para um grupo”. Especificamente sobre a declaração de Bolsonaro, o ministro disse que o Enem terá a cara do governo “no sentido de competência, honestidade, seriedade”.
Mesmo confirmando que deve haver exclusão de conteúdo considerado de “guetos ideológicos”, o responsável pelo MEC garantiu que “a possibilidade de qualquer interferência está totalmente fora da história, fora de contexto”, ressaltando que, pessoalmente, se negou a ter acesso às provas.
Exoneração de servidores
Sobre o pedido de exoneração de 37 servidores do Inep que alegaram casos de assédio moral e inaptidão do presidente do órgão, Danilo Dupas, Ribeiro atribuiu a questões financeiras.
“A que título deveriam ganhar mais R$ 40 ou R$ 50 mil anuais do erário público somando-se a seus salários?”, disse o ministro. Segundo ele, em média, esses servidores ganham R$ 36 mil anuais, e alguns chegaram a receber R$ 70 mil ao ano. “A parte mais doída do ser humano é o bolso”, acrescentou.
Questões do Enem teriam sido trocadas
Deputados da Casa questionaram o ministro sobre denúncias de troca de questões do Enem. “O que vem se falando aqui é que 24 questões foram retiradas, 13 foram reincluídas e 11 foram eliminadas”, disse o deputado Ivan Valente (Psol-SP), citando matérias jornalísticas com essas informações.
Ribeiro afirmou que não teve acesso a nenhuma questão: “Nós não pedimos para retirar ou colocar nada. Nem eu, nem o presidente da República, nem o presidente do Inep”. No entanto, o ministro confirmou que foi autorizada a presença da Polícia Federal no órgão, que se deveu “a um aumento de espaço” que foi feito, pois estava muito “apertado”.
Ministro pode voltar à Câmara
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou, também nesta quarta, um convite para Milton Ribeiro prestar esclarecimentos sobre as denúncias de assédio moral e os pedidos exonerações ocorridos no Inep. O requerimento foi apresentado pelo deputado Professor Israel Batista.
Com informações da Agência Câmara de Notícias
Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados